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Um lugar para chamar de meu. Meu sítio virtual. Meu cadinho.

Lugar de gritos e sussurros. Pedaço de mim.

'Onde eu possa juntar meus amigos, meus discos e livros...'

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

de ser eu

no topo da minha lista de desejos, há um desejozinho, daqueles que guardamos embaixo de outras vontades, bem escondido pra que nem a gente lembre. é um desejo de ser eu mesma. um desejo de ser alexandra até a enésima potência, de ser tão eu quanto o universo pode ser ele. há, é claro, uma série de impossibilidades para cada desejo que temos. muitas coisas me impedem de realizar meu desejo de ser eu mesma. muitas coisas: o mundo, as pessoas, meu medo de ser quem sou. ser eu mesma é o mais antigo dos meus desejos. desde sempre quis ser eu. quando era pequena me imaginava sendo eu adulta: cabelos longos trançados com fitas e flores, casas de janelas abertas com vasos de margaridas no peitoril. eu adulta era o máximo!!! liberta, forte, emancipada, dona do meu nariz, dos meus quadris, dos meus sonhos... essa eu que eu achava que seria quando fosse, era muito bacana. - bacana é gíria de gente velha, me dizem, mas ainda não achei nada mais bacana do que bacana pra falar de mim!!!
fui me preenchendo com tantos pedaços quanto pude ao longo do caminho. coloquei algumas linhas no meu rosto, tirei alguns fios do meu cabelo, alguns tingi de vida, outros cortei. com o passar dos anos modifiquei tanto meu sonho, que me esqueci dele e, de repente, ser eu mesma não era mais a prioridade, não era mais um desejo. tornei-me adulta. criei laços, cumpri prazos, plantei árvores, fiz arroz, li muitos livros, pari. e aquele sonho de ser alexandra ficou dentro da gaveta no armário dos sonhos. 
agora, depois de muitos anos, encontrei-o de novo enquanto arrumava as gavetas da alma. é a vida me dando outra chance. sou eu mesma me dando outra chance. será que inda há tempo de ser eu mesma?

2 comentários:

  1. Massa por aqui! Olhando seu sítio, vi uma postagem-poema contestando a necessidade de um título. Em 2008 escrevi uma serie de poemas chamada "Um Título Pouco Importa". É bom ver confluência. Muito.

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  2. "Há dentro de nós uma coia que não tem nome, essa coisa é o que somos." (J. Saramago)

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