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Um lugar para chamar de meu. Meu sítio virtual. Meu cadinho.

Lugar de gritos e sussurros. Pedaço de mim.

'Onde eu possa juntar meus amigos, meus discos e livros...'

quarta-feira, 27 de abril de 2011

sem título e com sol




hoje enquanto passeava a beira mar
tropecei num pedaço do sol...

sem título e com prazer

O suor no rosto
No calor do corpo
Quente
Rente
Frente e verso
Riso
Choro
Permitir é conhecer
Viver intensamente
Flores
Alma
Boca
Gosto
Riso solto
Estrelas fazem cócegas no céu da boca
Na tua frente meu corpo estremece
Convulsão
Vulcão
             Meu ventre...

Vem Cá



Vem cá 
que eu tô com sede 
e quero te beber 
Vem cá 
que meu corpo 
tem fome de você 
deixa eu me saciar 
no teu gozo 
misturar meu gosto 
no teu gosto 
Vem cá, 
Deixa...

Aviso

Cada vez mais aqueles sonhos eram freqüentes.
 Cada vez mais intensos.
Mais reais.
 Será que isso era um bom sinal?
Será que ainda tinha imaginação ou já perdera completamente o juízo?
E se perdera também, junto com o juízo.
Sempre quis saber o que significava perder o juízo.
 Será que devaneio é antônimo de juízo?
Será que ao devanear as mulheres poderiam descobrir que havia outra coisa?
Outras possibilidades?
Queria muito que aquele fosse o anúncio de um futuro.
Um aviso.
Aquele era homem que ela queria.
Aquela era ela que ela queria.
Mas quem queria ainda quer
ou já desistiu?

Cala a boca!

Cala a boca
Que sua voz me incomoda!
Guarda suas verdades absolutas pra você e não me enche!
Pega seu egoísmo e enfia no cu, digere ele ao contrário e vomita ele na sua mão.
Depois se engasga e some.
Mas, agora, por favor,
CALA A BOCA!!!

Potetransbordando

To potetransbordando de você.
Buraco na minha camada de ozônio.
Suas absolutas verdades
Suas absolutas vontades
Seus absolutos achares
Esse monopólio feudal
Seu absolutismo
Seu “eu não gosto” medieval
Esse seu tribunal inquisidor que queima tudo
o quê não vem de você
não depende de você
não precisa de você
Eu prefiro morrer a me curvar
queimar a me acostumar
bruxa amarrada na fogueira
Vou pegar minha vassoura e me mandar

sábado, 23 de abril de 2011

Patakori Ogun!

Hoje não é domingo. Mas é 23. Dia de Jorge. Assim, intimamente, sem rapapés.
Não é dia de "São" Jorge, é simplesmente dia de Jorge.
Desde muito pequena que ele está na minha vida: no Sítio do Pica-pau, nos terreiros de umbanda, no batuque do candomblé, nas sacristias. Jorge é um cara interessante, apesar de eu não gostar nem um pouco daquela imagem templária do cavaleiro de armadura matando o dragão. Prefiro o Jorge-Ogum, homem poderoso, capaz de amar e odiar como todos nós. Apaixonado guerreiro, dono dos caminhos e das estradas. É pra esse que dedico meu axé e essa canção.




encharcada de sol

E se de repente a porta se abrisse? Se o vento entrasse, soprasse frio no rosto? Sentindo um calor no corpo, foi saindo devagar, sem fazer alarme, guardando pra si aquele momento, andou até a varanda e respirou aquele gosto salgado de mar!!! Seu corpo invadido pelo frescor que aquele vento trazia implodiu com tamanha vitalidade que, por um segundo, a idéia doce da morte a invadiu... Medo da morte é pra quem nunca morreu, e só não morreu quem ainda não nasceu, é aqui em cada pequena morte do dia-a-dia que nascemos de novo, novo capitulo outro caminho....
Correu até a praia e se deixou lamber pelo mar...aquela língua molhada e fria nos seus pés... suas canelas... ia subindo um frio quente pelas costas que depois escorria por ela e a esquentava de novo. Um sorriso nervoso ganhou seu rosto sentia-se novamente virgem, casta, pura e se imaginava sendo lambida pelo mar.
Deitou-se na areia e foi sentido um calor a invadir, seus dedos iam sentindo sua pele arrepiada de vontade, todo o seu corpo pedia por mais, o sol, o mar, o vento lambendo seu rosto, seus dedos... Ah... o sol, quente, envolveu seu corpo e eles ficaram abraçados por muito tempo, ela derretendo bem devagar nos braços dele... ele encharcado dela.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

sem título XX

faltam algumas coisas, falta sentir medo ou dor
falta sentir vontade de sentir medo ou dor
falta, ainda, descobrir como mandar no que sinto
falta ter coragem pra dizer que não tenho coragem
falta parar de machucar todo mundo
falta tanta coisa

terça-feira, 19 de abril de 2011

... e a lua me desperta e me lança na escuridão ...

saudades do tempo em que meus dedos não pensavam.
tempo em que escrever era uma única ação.se realizava simultaneamente no coração, no papel e na cabeça.
tempo em que eu não me preocupava com o sentido, ou com a falta de.
saudade de quando o lápis guiava minha mão e não encontrava empecilhos.
é noite e ainda estou mais que acordada.
é noite alta e a lua me desperta e me lança na escuridão.
não há como mandar no meu corpo, não há como me deixar tranquila, com aquela imensa bola prateada boiando no céu.
lá fora os lobos cantam pra lua e se embebedam de suor e sons.
não há como deixar passar tantos símbolos.
não há possibilidade de ignorar os parangolés que dançam pra mim.
ou em mim. e sem mim. e de mim.
parangolés como risos soltos no espaço, gargalhadas viajando no ar.
riem de quê? de quem? de mim? por quê?
rio eu.

(que o Fernando não me leia)

rio de eu.
assim mesmo: de. não para ou com. mas sim de.
quero não pensar, não sofrer, quero que essa marca suma. não quero mais sangrar, nem chorar, nem tremer. ou temer.

saudade de quando as palavras manchavam o papel num jorro contínuo.
único. forte.
gosto de palavra boa na boca.
gosto – substantivo masculino - de palavra.
gosto – verbo intransitivo – de palavra.
“gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões”.
ser. estar.
saudades do tempo em que meus dedos não pensavam.


19/04/2011

segunda-feira, 18 de abril de 2011

a lua

longe da janela, de frente pra parede e pra tela do computador. buscando prognósticos, tentando descobrir como será o que ainda não sei. então me levantei e, de relance, quase como um furto, a vi: linda, redonda, cheia, brilhante, imponente, maternal. bem ali, na minha janela. inteira pra mim. ela. a lua. inteira. pra mim.

sem título XIX

Urgência. Medo. Dores. "Corpos suam dores" e "furtam cores". Camaleões. Escrita cravada na pele e na memória. Saber de corpos outros e tantos que explode em mim. Vozes ancestrais que buscam afeto, aceitação, cheiro no cangote.
Minha palavra calada te espelha e te espanta. Espelho de dores, gozos, saberes. Espanto de dores, gozos, saberes. Sei muito pouco sobre tudo. Quase não sei nada. Verdade mesmo: nada sei.
Aqui, quietinha entre minha cadeira e o teclado, vislumbro o mundo e estremeço. Não quero mais esse mundo cruel e injusto. Quero o mundo de Alice (ma-ra-vi-lho-so!), cheio de flores falantes e gatos risonhos.
Mas há a dor. Ela fala mais alto que tudo. Ela grita tanto que não há como ignorá-la. Mandrágora. Flores do mal? Há mal? Qual?
Além dos muros da cidade estão os homens sem rei. Para eles tudo que importa é o prazer de ser. Pra mim, é o sabor de estar. Nos completamos.

domingo, 17 de abril de 2011

sexta-feira, 15 de abril de 2011

sem título XVII

entre o ontem e hoje,
há um pequeno espaço de tempo
onde cabe toda a força
da palavra amor

quinta-feira, 14 de abril de 2011

sem título XVI

... nesse pequeno espaço que existe
entre o ser e o estar, 
fico esperando que
estrelas mudem de lugar...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

...

Público não é de ninguém!
Tanto descaso, tão pouco caso,
é cada um por si,
é a Lei de Murici,
é um que se foda,
                           tô nem aí!

(Cada um que me diz
que Deus sabe o que faz
me mata um pouco mais)

E eu? Eu que amo,
que exercito a empatia,
que choro quando todos vão
dormir, que faço eu?

Raimundo seria rima
barranco pura preguiça.

                                                 Não quero mudar meu nome
                                                  nem terminar rolando!

eu quero ser respeitada
bem amada
bem cuidada
bem olhada...

                                             Será que é muito?


06 de abril de 2011

sem título XV

Coisas, troços, restos
cada macaco no
                  seu galho
e o mundo que se exploda


Cadê a humanidade?
Cadê a empatia?
Cadê?

Chora não
        que não há ninguém que
se importe.
Chora não
que tudo o que era doce
já acabou.


06 de abril de 2011 - HUPE

sem título XIV

a força do medo que cala vozes
líquido frio na espinha
algoz, voz, remissão...


a força do medo que cata vozes
borboletas no estômago
éter, mudo, rendição...




03 de abril de 2011 - HUPE