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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

o teatro da crueldade


primeiro manifesto

'o teatro só poderá voltar a ser ele mesmo, isto é, voltar a constituir um meio de
ilusão verdadeira, se fornecer ao espectador verdadeiros precipitados de sonhos, em que
seu gosto pelo crime, suas obsessões eróticas, sua selvageria, suas quimeras, seu sentido
utópico da vida e das coisas, seu canibalismo mesmo se expandam, num plano não
suposto e ilusório, mas interior.


em outras palavras, o teatro deve procurar, por todos os meios, recolocar em
questão não apenas todos os aspectos do mundo objetivo e descritivo externo, mas
também do mundo interno, ou seja, do homem, considerado metafisicamente. só assim,
acreditamos, poderemos voltar a falar, no teatro, dos direitos da imaginação. nem o
Humor nem a Poesia nem a Imaginação significam qualquer coisa se, por uma
destruição anárquica, produtora de uma prodigiosa profusão de formas que serão todo o
espetáculo, não conseguem questionar organicamente o homem, suas idéias sobre a
realidade e seu lugar poético na realidade.'



antonin artaud, in o teatro seu duplo, p 43


9 comentários:

  1. O teatro da crueldade se tem exposto no dia a dia, independentemente da arte. O homem do século XXI é, sobretudo, explicitação de selvageria, obsessões eróticas, canibalismo. O homem do passado se escondia nas convenções e a arte funcionava como principal forma de enfrentamento do superego. Hoje o superego se expõe em carne viva e a arte perde, em certa medida, grande parte de suas funções catárticas.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Fernando,
    licença para discordar do seu ponto de vista.
    Não sou nenhuma autoridade no assunto, mas não me parece correto confundir a PALAVRA crueldade – e suas manifestações cotidianas - com o CONCEITO OPERATIVO DA CRUELDADE conforme propôs Artaud.
    Abs.!

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    1. "En pocas palabras, creemos que en la llamada poesía hay fuerzas vivientes, y que en LA IMAGEN DE UN CRIMEN PRESENTADA EN LAS CONDICIONES TEATRALES ADECUADAS ES INFINITAMENTE MÁS TERRIBLE PARA EL ESPíRITU QUE LA EXECUCIÓN REAL DE ESE MISMO CRIMEN.
      [...] Así como nos afectan los sueños, y la realidad afecta los sueños, creemos que las imágenes del pensamiento pueden identificarse con un sueño, que será eficaz si se lo proyecta con la violencia precisa. Y el publico creerá en los sueños del teatro, si olos acepta realmente como sueños y no como copia servil de la realidad ..."
      [ARTAUD, Antonin; "El Teatro y su Doble". Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1979; grifos meus]

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  4. Artaud não é preciso.
    Precisamos de Artaud.

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  5. Independentemente das expansões semânticas oferecidas ao vocábulo “crueldade”, perdura ainda um significado elementar – tão humano, tão nosso –, que se fotografa no artístico arrancando aplausos, mas se expõe nas tragédias cotidianas, obrigando as lágrimas.

    Não há, todavia, que pedir licença para as discordâncias. Sem elas, não haveria arte ou intelecto.

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