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sábado, 20 de novembro de 2010

À Isamar

A Bunda, que Engraçada


A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
rebunda.


ANDRADE, Carlos Drummond de. A bunda, que engraçada. In: O Amor Natural - 1992

2 comentários:

  1. A bunda... nada mais lindo, não é?

    Drummond, o bruxo de Itabira, já sabia de tudo...

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  2. sim, mas como disse Tia Rita, 'nem toda brasileira é bunda'...
    Mas salve nossa padroeira!!

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