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Um lugar para chamar de meu. Meu sítio virtual. Meu cadinho.
Lugar de gritos e sussurros. Pedaço de mim.
'Onde eu possa juntar meus amigos, meus discos e livros...'
domingo, 19 de dezembro de 2010
Dessas coisas que mudam tudo
Visão de cego
(Guinga- Aldir Blanc)
Um riso escancarado
de branco parafina
na boca tangerina...
O cego me fez
ver mil Brasis de uma só vez
nas fitas das Folias de Reis
ô cego alucinado:
barro marajoara
na colcha de retalho.
O cego me faz
ver mil Brasis e ainda mais
nas cianinhas dos carnavais
vou de liforme branco
na dorival jogada
na asa da jangada
eu vou por cima d'água,
a namorada do céu
sou herói de cordel.
O cego quer ver
alguém cantar em javanês
aboio triste no entardecer
cego surrealista:
um trem de celofone
trilhando um xilofone.
O cego me faz
ver nos vestidos dos varais
as prostituras louras do cais
o mar desde Arraiolo
na água pro monjolo,
o fio da navalha,
o couro da sandália,
a talhadeira e o cinzel:
cordas de um menestrel.
Na carranca branca da barcaça
a garça da alma pousou...
com licor do guapo genipapo
um gaio papagaio eu sou...
De porre, num fogo romã de manhã
a saudade que eu trouxe
me faz ver Oxum de bermuda,
- me acuda! fazendo windsurf
na ponta de Itapoã,
no rio Maracanã...
E o cego me diz
Que ela é feliz
Com tantos Brasis:
um riso escancarado
de branco parafina
na boca tangerina.
Guinga: voz e violão
Boca Livre (Zé Renato, Fernando Gama, Lourenço Baeta e Maurício Maestro): vozes
Marcos Suzano: percussão
Zé Nogueira - teclados
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