Com licença poética
(Adélia Prado)
(Adélia Prado)
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Amei!
ResponderExcluirDesdobrável...
ResponderExcluirDor sem amargura...
Escrever o que sente.
Parabéns pelo dia, meu amor.
De um homem coxo.
... ah, o amor ...
ResponderExcluirPerfeito o adjetivo usado no texto: "desdobrável". Eu também sou, pois é assim que me sinto. rs
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